sábado, 29 de setembro de 2012

Procuram-se curiosos

Uma coisa que tenho notado muito ultimamente é a ausência da curiosidade nas pessoas. Quando falo de curiosidade é muito mais uma questão de estilo de vida do que procurar alguma coisa num FAQ. Sinto falta de ver pessoas questionando as coisas.

Se você é curioso, você vai perguntar o porque das coisas serem assim. Vai questionar... Vai perguntar “E se…?” e vai procurar outras respostas. É saber que mesmo que isso não resolva o seu problema imediato, isso pode ser uma referência que pode ser cruzada no futuro e resolver algum outro problema. Essa falta de curiosidade pode aparecer de várias maneiras independente da idade, cargo, ou função:
Quando se trabalha com relatórios qualquer e não se pergunta porque aconteceu um determinado desvio, quando vê algo que funciona ok e não tenta pensar em alguma maneira de muda-la e por aí vai. Quando simplesmente aceita-se que as coisas são assim e pronto.

Segundo o dicionário Houaiss, curiosidade é
2 desejo intenso de ver, ouvir, conhecer, experimentar alguma coisa ger. nova, original, pouco conhecida ou da qual nada se conhece
2.1 vontade de aprender, saber, pesquisar (assunto, conhecimento, saber); interesse intelectual
2.2 interesse, procura de coisas originais, insólitas etc.


Ou seja, o curioso é uma pessoa inconformada com o que lhe é apresentado. Ele sempre quer experimentar coisas novas. Alguns vão culpar a rotina do trabalho, o cansaço de ver idéias serem vetadas porque o cliente não entendeu ou porque não quis. Mas acho que quem não é curioso para pelo menos pensar se é viável...

O Douglas Rushkoff falava nos seus primeiros livros, cheios de idealismo do início da internet, que as outras gerações iriam mudar o mundo porque elas se comportariam de outra forma e iriam aproveitar muito todas as possibilidades da internet para fazer coisas incríveis. O que aconteceu na verdade, e ele notou mais tarde, foi que a maioria dos jovens vê a internet apenas como mais um canal para falar com amigos e se distrair enquanto a vida passa. Acaba sendo quase como mais um canal de mídia passiva.

As pessoas não querem assumir riscos. É uma postura quase de um hacker de tentar procurar maneiras de desafiar. Não estou falando que todos devem fazer coisas ilegais. Apenas acho que temos que procurar hackear o mundo. Nosso objetivo deve ser otimizar o trabalho e não apenas reduzir o trabalho. Reduzir trabalho hoje acaba sendo repetir formatos sem questioná-los.


Infelizmente o que tenho visto é que nem nas coisas que as pessoas curtem elas tem procurado mais informações. Em um mundo em que tudo está tão sob demanda que acabamos não procurando saber mais de algumas coisas. A impressão que tenho é que hoje em dia não é a curiosidade que matou o gato. O que matou o gato foi o tédio de ficar só olhando a vida passar.

Como diria o Timothy Leary numa citação que também aparece numa música do Tool”
Think for yourself, Question authority
Só de fazer isso, você já está bem mais perto do perfil do curioso. Por que ao questionar algo, você vai buscar alternativas e ao fazer isso, você vai buscar referências e tentar ver se isso que pensou é viável. E esse já é o comportamento de uma pessoa curiosa. Mesmo que dê tudo errado, aquele conhecimento já está com você e poderá ser usado em algum outro momento. Seja para verificar tudo de novo ou como referência. Mesmo que esse texto tenha extrapolado um pouco a definição básica do curioso, acho que a curiosidade acaba sendo o primeiro passo para a mudança.

Se somarmos curiosidade com determinação
muita coisa pode mudar.

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