sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Que tal criamos Gênios?

Grande parte do crescimento econômico tem uma fonte simples: novas idéias. Então pode-se deduzir que nossa criatividade é a fonte da riqueza. Então, como podemos aumentar o ritmo da inovação? É possível inspirar o aparecimento de mais Picassos e outros Steve Jobs?

Há muitos anos atrás, o estatístico David Banks escreveu um curto tratado sobre o que ele chamou de problema do excesso de gênios: notou que o aparecimento de gênios não estava distribuído aleatoriamente pelos anos ou geograficamente. Ao invés disso, eles tendem a aparecer em pequenas regiões. Neste tratado, o autor Banks cita o exemplo de Atenas que foi casa de um número enorme de gênios incluindo Platão, Sócrates, Heródoto, Eurípedes, Aescílus e Aristófanes. Esses pensadores essencialmente inventaram a civilização ocidental e ainda todos eles viveram no mesmo lugar no mesmo momento. Em meros 500 anos, um cidade de menos de 70.000 pessoas foi berço de um número incrível de artistas imortais como Michelangelo e Da Vinci, Ghiberti, Botticelli e Donatello...

O que causa tais explosões de criatividade? Nós podemos começar dando sentido ao que significaria essa “coagulação” de talento criativo. O segredo é a presença de meta-ideias particulares que apoiam a difusão de outras idéias. Primeiramente proposto pelo economista Paul Romer, as meta-ideias incluem conceitos como o sistema de patentes, bibliotecas públicas e educação universal. Mais ainda, observando o que várias eras de excesso de gênios tiveram em comum, é possível criar um projeto para a criatividade no século XXI.

Misture pessoas, dê educação e incentive a tomada de riscos e fracassos!

O primeiro padrão que parece claro é o benéfico efeito da mistura humana. Não é acidente que pequenas regiões de talento passados eram todos em centros de comércio o que possibilitavam uma diversidade de pessoas a compartilharem ideias. A mesma lógica ainda se aplica: pesquisas indicam que na população total, um aumento de 1% de aumento no número de imigrantes com gradução gera de 9 a 18% de aumento na produção de patentes.

Outro tema recorrente é a educação. Todas essas culturas florescentes foram pioneiras em novas formas de ensino e aprendizado. Florença medieval viu o nascimento do modelo aprendiz-mestre, onde artistas  jovens aprendiam com experts veteranos. Na Inglaterra de Elizabeth foi feito um esforço organizado para educar os homens da classe média que foi como William Shakespeare – filho de um fazedor de luvas que não conseguia assinar seu próprio nome – acabou recebendo aulas grátis de latim. Nós precisamos emular essas eras e encorajar experimentações no setor de educação. Como T.S.Eliot uma vez disse, as grandes eras não contém mais talento. Elas perdiam menos dele.

A última meta-ideia envolve o desenvolvimento de instituições que encorajam a tomada de risco. Shakespeare foi sortudo ao ter o apoio real para suas tragédias, enquanto a Florença renascentista se beneficiou da boa ação dos Medicis em apoiar novas formas artísticas como o uso de perspectivas nas pinturas. Muitas dessas tentativas fracassaram – Shakespeare escreveu muitas peças ruins – mas tolerando falhas como essas foi a forma de trazer a tona Hamlet.

Isso pode parecer como uma agenda ambiciosamente impossível. Mas não é. Bill James, o pioneiro das análises estatísticas de baseball esclarece que a América moderna é muito boa em gerar gênios. O problema é que os gênios que criamos são atletas. Como James diz, isso acontece porque tratamos os atletas de forma diferente. Nós encorajamo-os enquanto são jovens, levando nossos filhos para praticar ou a torneios. Nós também temos mecanismos para cultivar talento atlético a cada passo no processo, de ligas menores até as maiores. E finalmente, times profissionais estão propensos a tomar risco apostando muito dinheiro em iniciantes que muitas vezes fracassam. Por causa dessas meta-ideias de sucesso, até cidades menores como Topeka, Kansas – mais ou menos do mesmo tamanho de Londres na época de Elizabeth, James aponta – pode produzir um gênio atleta a cada poucos anos.

Nós nunca precisamos de gênios mais do que precisamos agora. A boa notícia é que nós podemos aprender com os segredos criativos do passado, pelas linhas mestras das sociedades que produziram Shakespeare, Platão e Michelangelo. E então devemos nos olhar no espelho. O excesso não é um acidente.

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